Atualizado em 05 de June de 2017

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“Os museus são espaços de memória e não de espetáculo”: Magdalena Zavala Bonachea

Quando acontece um desastre natural, uma das últimas necessidades de resgate é o patrimônio museológico, assegura Magdalena Zavala Bonachea, coordenadora nacional de Arte Visuais do Instituto Nacional de Belas Artes (INBA) do México. É por isso que pelo sétimo ano consecutivo, abre-se a convocatória para que os países ibero-americanos solicitem a utilização dos 30 mil dólares do Fundo de Emergência do Programa de Apoio ao Patrimônio Museológico em Situação de Risco.

Esse fundo é parte das linhas de ação do Programa Ibermuseus, uma iniciativa que nasceu há 10 anos e que serve para a cooperação e integração cultural dos 22 países ibero-americanos, incluídos Espanha, Portugal e Andorra.

 

“Dentro do Primeiro Encontro Ibero-americano de Museus (celebrado em 2007), surgiu a ideia de refletir sobre o que é o primeiro que deveríamos atender em casos de desastres naturais, e decidimos que a área Ibero-americana deveria trabalhar para a proteção de seu patrimônio cultural”, comenta Magdalena Zavala Bonachea, presidente do Conselho Intergovernamental do Programa Ibermuseus.

Nesse encontro, acrescenta Magdalena, os membros do comitê avaliaram que era muito difícil ter acesso a fundos de resgate para patrimônio cultural em caso de desastre porque “obviamente as prioridades são as necessidades das pessoas, a subsistência, evitar a emergência sanitária, reestruturar o que foi destruído e o patrimônio se tornava uma necessidade importante para a qual não havia recursos”.

A partir dessa necessidade, criou-se o Fundo de Emergência, formado por 12 países, mas que está dirigido a toda região ibero-americana. “Desde que se criou o programa, temos utilizado todos os anos. Foi dado ao Chile por causa de danos causados por abalo sísmico, à Espanha por um tremor na Andaluzia, e no ano passado se concedeu ao Equador por outro tremor e ao Brasil por uma inundação”.

– Que riscos considera o fundo?, pergunta-se a Magdalena.

– Os riscos naturais clássicos como incêndios, abalos sísmicos, inundações, contaminação e colapso de um imóvel. É um fundo que está destinado ao resgate dos objetos museológicos, não a reconstruir uma cidade, mas a resgatar a cerâmica e a pintura, e esses critérios são avaliados por um grupo de especialistas, porque a ideia é que o objeto possa ser recuperável.

No caso do México, os especialistas que participam na tomada de decisões para destinar os 30 mil dólares com os que conta atualmente o fundo são os membros do Centro Nacional de Conservação e Registro do Patrimônio Artístico Móvel (Cencropam).

“Não podemos entregar os recursos a todos os países, somente aos casos que cada estado considere uma emergência. Abrimos a convocatória para o Fundo 2017 no dia 15 de maio e não termina até que se acabem os recursos do fundo, porque é um recurso fixo e se não é usado em um ano, aumenta o fundo para o ano seguinte”, detalha Zavala Bonachea.

O recurso do fundo se utiliza para cobrir gastos de especialistas, consultorias técnicas, projetos de reorganização e conservação ou restauração de acervos afetados.

  • México conta com um mapa de patrimônio museológico em risco?
  • Respeitamos as zonas de risco que cada país define. Para o México, as zonas de risco são as zonas de abalo sísmico, as zonas de inundação, como Veracruz, Tabasco, Chiapas e Oaxaca, assim como a zona do norte que tem tendência a mudanças de temperatura.

“O que como país apresentamos como zonas de risco são, em geral, aquelas que têm terremotos e inundações, porque são os danos mais emergenciais. O mapa que temos é o mesmo que divulga a defesa civil”, agrega.

DEZ ANOS. Magdalena Zavala Bonachea, coordenadora nacional do INBA, enfatiza que os programas do Ibermuseus, que este ano completam uma década, são uma iniciativa da Secretaria Geral Ibero-americana (Segib), com caráter intergovernamental, com várias linhas de ação e com dois tipos de fundos: investimento e fomento.

“O fundo de fomento é para propiciar a melhora da instituição de maneira permanente, já que a região ibero-americana tem cerca de 9 mil museus, ou seja, estamos falando de um cálculo de 2 milhões de bens culturais alocados nos espaços museológicos, sem incluir as zonas arqueológicas”, detalha.

A especialista comenta que a visão ibero-americana é que os museus são espaços de memória e não de espetáculo. “Não concebemos aos museus como espaços de espetáculos, mas como espaços onde o que se guarda ou apresenta tenha a ver com um juízo de memória. Também devem ser espaços inclusivos, tolerantes, que gerem uma dinâmica cultura que consiga a coesão social. Por isso, os museus que têm fins lucrativos não estão nessa categoria.”

Fonte: La Crónica de Hoy (México)

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