Uma frutífera colaboração entre comunidade e instituição deu ao Peru sua primeira vitória no Prêmio Ibero-americano de Educação e Museus. Com o projeto “El ecomuseo: estrategias educativas para hacer del patrimonio cultural una herramienta inclusiva de desarrollo sostenible”, o Museu de Sitio Túcume foi o vencedor da Categoria I – projetos realizados ou em curso – da 8ª edição da convocatória do Programa Ibermuseus, cujo resultado foi anunciado no dia 29 de novembro.
“É um grande reconhecimento dos esforços que o Peru vem realizando nos últimos anos para melhorar as condições de seus museus. A experiência de Túcume como museu comunitário é bastante inovadora. Inclusive marca a pauta para muitos outros novos museus no âmbito rural do país”, afirma Carlos Del Águila, Diretor-Geral de Museus do Ministério de Cultura do Peru e membro do Conselho Intergovernamental do Programa Ibermuseus.
O Museu Túcume foi pioneiro em organizar um programa permanente de educação para a conservação, em acordo com o sistema educativo regional e acompanhado de diversas iniciativas: trabalho com professores de escolas rurais, um diretório formado pelos melhores alunos das escolas locais, organização de um programa de atividades lúdicas e interativas que relacionam o patrimônio com aspectos da vida cotidiana, a conservação ambiental e boas práticas.
Sob o conceito de Ecomuseu, as principais organizações da comunidade (município, associações de artesãos, rede de professores, prestadores de serviços, produtores agropecuários, entre outros) fazem o possível encontrar em cada vez maior número de pessoas um notório vínculo com o museu e compromisso com o patrimônio cultural. Ao longo do tempo, o museu se converteu em uma casa da comunidade, que desperta interesse permanente de voluntários, estudantes e especialistas em gestão cultural, turismo e educação.
“A comunidade local é o sócio principal do Museu, de forma que agora trabalhamos de maneira planificada e organizada no marco do Ecomuseu Túcume (Território-Patrimônio-Comunidade), que integra 35 instituições populares agrupadas em cinco áreas: Patrimônio Cultural; Turismo sustentável; Educação para a Conservação; Planejamento Urbano/ Rural; e Agricultura, Paisagem e Natureza”, explica Bernarda Delgado, diretora do Museu de Sitio Túcume.
A assembleia do Ecomuseu se reúne nas primeiras quintas-feiras de cada mês para avaliar as ações, atividades e projetos a serem desenvolvidos de acordo com a programação planejada no início de cada ano. Desde 2009, o Museo Túcume conta com um Plano de Gestão com programas nos quais de sobressai o de Educação, que estabeleceu as bases e estratégias de trabalho com a comunidade, que implica ações de sensibilização e capacitação permanentes por meio de conversas, cursos e oficinas sobre temas como ecologia, patrimônio, comunicação e artesanato, dirigidos à comunidade local de forma gratuita.
“Até hoje, das 27 escolas de Túcume, 17 participam ativamente do programa, com resultados bastante animadores, que fortaleceram a relação da comunidade com seu patrimônio”, complementa a diretora do museu.
O museu peruano recebeu como premiação US$ 15.000 pela primeira colocação na Categoria I do 8º Prêmio Ibero-americano de Educação e Museus. Segundo Bernarda Delgado, os recursos serão utilizados em benefício de todas as linhas de ação do Plano de Gestão da instituição, de acordo com proposta apresentada e aprovada na assembleia do Ecomuseu:
Área de Turismo Sustentável
– Melhoramento da infraestrutura da área de gastronomia, com materiais tradicionais para a realização das feiras culturais do Ecomuseu, que promovem as manifestações culturais da comunidade: música, dança, comidas, artesanato e jogos locais tradicionais.
– Reconstrução da área informativa da flora e fauna local (Túnel de Chope), destruída pelas chuvas do último fenômeno El Niño (fevereiro 2017), que forma parte da rota educativa do Museu Túcume.
Área de Patrimônio Cultural
– Melhoramento das vestimentas dos integrantes da Dança dos Diablicos de Túcume (Patrimônio Cultural da Nação), para promover sua participação nas diferentes atividades do povoado e da região.
Área de Educação para a conservação
– Promoção e difusão das ações educativas e atividades em geral do Ecomuseu; publicação de folderes, banners promocionais e toldos para apresentações culturais fora do Museo.
– Fortalecimento do programa educativo do Museu, mediante a obtenção dos materiais e insumos para a realização das diversas oficinas de capacitação dirigidas gratuitamente à comunidade.
Área de Natureza, Paisagem e Agricultura
– Fortalecimento do viveiro bio-horta do Museu para a realização das diversas oficinas ecológicas mediante a compra de insumos e materiais necessários para seu desenvolvimento.
Bernarda Delgado afirma que o Prêmio concedido por Ibermuseus “nos fortaleceu, motivou, incentivou e comprometeu ainda mais a seguir trabalhando”. A diretora espera que o reconhecimento fortaleça o Museu Túcume como exemplo para outras instituições no Peru e na Ibero-América.
“Os museus da região estão investimento cada vez mais em ações educativas para aproximar-se a suas comunidades e isso é muito animador. No entanto, nossa tarefa será apresentar os resultados quantitativos e qualitativos desta experiência para que motivemos mais a todos a trabalhar nesta linha educativa como uma estratégia indispensável para o desenvolvimento sustentável de nossas comunidades.”
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Fotos: Museo Túcume
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