Atualizado em 21 de February de 2018

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Projeto vencedor do Prêmio Ibero-americano de Educação e Museus estimula diálogos entre coletivos locais dos Vales Calchaquíes, na Argentina

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Um dos cinco premiados na Categoria II – projetos em fase de planejamento – da última edição do Prêmio Ibero-americano de Educação e Museus, o Museu Arqueológico Pío Pablo Díaz se tornou uma ponte entre os diversos atores da sociedade civil de Cachi, na Província de Salta, Argentina.  A instituição busca aproximar-se de outros coletivos para que se apropriem crítica e criativamente da historia narrada em suas salas.

O projeto premiado por Ibermuseus se chama “Arqueologías de la Memoria”, no qual a voz acadêmica do arqueólogo entrará em diálogo com outras vozes locais que têm outros relatos e historias para contar. Esses diálogos, através de processos criativos, tomarão corpo em textos, pinturas, esculturas, etc., que serão exibidos junto dos objetos arqueológicos do museu. Dessa maneira, os visitantes poderão aceder às distintas interpretações da história local.

Trata-se de oficinas dirigidas ao coletivo da escola rural Ejército Libertador de Cachi Adentro. Serão realizadas em quatro encontros durante os meses de abril, junho, agosto e outubro de 2018. Cada encontro constará de 1h30 de laboratório com professor e alunos, e 1h00 de oficina com o apenas o professor. Durante as oficinas se abordarão distintas visões e linguagens para a construção de relatos históricos.

“Começamos a trabalhar formalizando um Departamento de Educação faz 10 anos”, recorda Silvina Martínez, responsável pelo setor do Museo Pío Pablo Díaz. “Primeiro, os professores e estudantes se aproximavam do museu apenas para visitas às salas, visitas tradicionais. Depois, passamos a fazer atividades mais lúdicas. Cada vez as instituições educativas passaram a pedir mais”, explica.

“Nos últimos anos, houve uma demanda por atividades que, além de educativas e formativas, são criativas. Espaços nos quais se possa escutar outras vozes e criar. Apropriar-se da identidade com criatividade e ver não é uma identidade só, mas várias identidades formadas por historias individuais que constroem uma história coletiva”, continua Silvina.

O museu passou a ir aos colégios para fazer, por exemplo, oficinas de artes plásticas. “Dessa forma, abriu-se a ponte. Uma vez que essa ponte se abriu, o museu passou a ser um lugar no qual se foi tecendo uma rede”, explica.

Com o tempo, criou-se um espaço onde havia uma reflexão local sobre a própria história da região. O projeto “Arqueologías de la Memoria” buscará aportar novas maneiras de ler, interpretar, sentir e narrar essa história, uma bagagem de recursos que serão construídos grupalmente através da experiência da oficina, além de renovar os vínculos entre o Museu e os coletivos locais, gerando projetos conjuntos de democratização e diálogo entre o saber arqueológico e outros saberes.

“O que vamos fazer é plantar a semente. O projeto está pensado como uma primeira etapa. A ideia é que se abra a outras escolas. Por que não professores inspirados pelo projeto que queiram fazer eles mesmos em seus locais de trabalho?”, provoca Silvina.

O Prêmio, realizado anualmente pelo Ibermuseus desde 2010, busca reafirmar e ampliar a capacidade educativa dos museus e do patrimônio cultural como estratégias de transformação da realidade social. Suas bases estão em documentos como a Declaração de Santiago de Chile de 1972, que considera que o museu é “uma instituição a serviço da sociedade, que acrescenta, comunica, e informa com a finalidade de pesquisa, conservação, educação e cultura, as evidências representativas da evolução da natureza e do homem”, e a Declaração de Salvador, de 2007, que entende os museus como agentes sociais comprometidos com a diversidade, com a promoção do encontro intercultural e com o desenvolvimento sustentável.

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Fotos: Museu Arqueológico Pío Pablo Díaz

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