Atualizado em 18 de December de 2015

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Prêmio de Educação e Museus revela ações transformadoras  

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“Reafirmar e ampliar a capacidade educativa dos museus e do patrimônio cultural como estratégias de transformação da realidade social”. É com esta premissa que o Programa Ibermuseus criou o Prêmio Ibero-Americano de Educação e Museus, e em sua sexta edição, as instituições vencedoras evidenciam essa missão.

A convocatória, que teve seu resultado divulgado pelo Ibermuseus no último dia 4/12, premiou três projetos na Categoria 1 (realizados ou em andamento) e cinco projetos na Categoria 2 (em fase de elaboração e/ou planejamento), que receberão ao todo, US$ 75 mil. Além disso, foram concedidas Menções Honrosas aos 20 melhores postulantes. Conheça os dois projetos vencedores em primeiro lugar, em cada uma das duas categorias (veja a lista completa de premiados aqui).

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Na Categoria 1, o primeiro colocado foi o projeto Jovem Explorador, da Organização Pingo d’Água, localizada no município de Pacoti, no Ceará-Brasil.

O projeto – em andamento – propõe a criação do Ecomuseu de Pacoti (área de proteção ambiental) e, para o início deste trabalho, 21 estudantes e dois educadores formam a Comissão dos Jovens Exploradores, responsável pelo planejamento museográfico do local. O grupo participa de cursos de formação e realiza pesquisas para composição do acervo museológico da nova instituição. Com o material é elaborado um inventário dos bens do patrimônio cultural e natural daquela comunidade.

A promoção à preservação ambiental, prática vital para o desenvolvimento de Pacoti, será umas das principais preocupações da nova instituição. “Toda a pesquisa e produção do inventário patrimonial protagonizado pelos próprios jovens do lugar já despertam neles essa consciência de preservação. Através da capacidade educativa dos museus para as presentes e futuras gerações, ‘explorar’ passará a significar uma nova prática: buscar, investigar e conhecer, com o único objetivo de preservar e não degradar, como há séculos ocorre neste país”, revela o historiador e coordenador do projeto Jovens Exploradores, Levi Jucá.

Segundo ele, “Além da visibilidade que o projeto e a instituição alcançam, o mais importante foi termos conquistado o aporte financeiro da premiação, que possibilitará concretizar nosso maior sonho: a conclusão da obra de construção da sede do Ecomuseu!”, comemora.

Por seu caráter voltado à museologia social, o Ecomuseu pretende alcançar todos os moradores da área de proteção ambiental em que a comunidade está inserida, a região da Serra de Baturité, composta por Pacoti e mais cinco municípios. De acordo com o coordenador, esta estimativa ainda pode crescer, já que a região é um polo turístico e a grande quantidade de visitantes nos finais de semana também será, naturalmente, público do Ecomuseu.

O fato de o Jovem Explorador ser proveniente de uma cidade pouco populosa é um grande exemplo do caráter descentralizador do Prêmio Ibero-Americano de Educação e Museus. Ou seja, com o intuito de dar maior notoriedade a projetos desenvolvidos em cidades que não sejam capitais e não tenham um grande número de habitantes, o edital atribui maior pontuação a propostas com este perfil. “De forma pioneira e inédita, Pacoti vem ganhando notória visibilidade sociocultural por conta do Jovem Explorador, e isso tem alegrado e alimentado bastante o sentimento de pertencimento dos moradores da região”, conta Levi Jucá.

Ele salienta, ainda, que o objetivo é que os moradores se apropriem de seu patrimônio, conhecendo mais de sua história, memória, cultura e natureza, visando à promoção da educação, da cidadania e do desenvolvimento local.

A inauguração do Ecomuseu está prevista para ocorrer durante a 14ª Semana de Museus, em maio de 2016. “Conquistar o maior prêmio na Categoria 1, nos deixa ainda mais felizes, porque percebemos que o recurso também dará conta do que virá após a inauguração. Não será o museu pelo museu, ou seja, uma simples área de exposição. A sede do Ecomuseu será um ponto de partida para futuras trilhas de exploração do território, além de poder abrigar eventos culturais que fomentem a programação cultural do local”, conclui o historiador.


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Na Categoria 2 do Prêmio Ibero-Americano de Educação e Museus, o primeiro colocado foi o projeto Memorial Itinerante: Africanidades, da Associação Memorial Minas Gerais Vale (MMGV), localizada no município de Belo Horizonte, em Minas Gerais, também no Brasil.

A proposta surgiu a partir de um levantamento realizado pela Fundação Vale, que constatou a presença de conflitos de ordem étnico-racial nas escolas. Além disso, a dificuldade e o pouco preparo dos docentes ao trabalharem essas questões comprometiam as relações de ensino e aprendizagem.

Desta forma, propõe-se o projeto Memorial Itinerante: Africanidades, com ações de fortalecimento das identidades e apropriação das matrizes africanas presentes na sociedade brasileira, por meio do percurso Africanidades e Memória. Dos 31 espaços expositivos existentes na MMGV, são sugeridas seis salas para a exposição de elementos relacionados à resistência dos povos africanos frente à escravidão, simbologia artística, oralidade, manifestações culturais e religiosas dos povos africanos e a possibilidade de desconstrução de pensamentos preconceituosos, carregados de exotismo, frente a uma das culturas formadoras da nossa identidade brasileira.

Para a exibição deste material, pretende-se a utilização de painéis eletrônicos, materiais audiovisuais e peças do acervo. O projeto ainda conta com um programa de formação para 136 profissionais que atuam na área de educação, em ações afirmativas e relações étnico-raciais.

“Esperamos que o público abraçado pelo projeto perceba a valiosa contribuição da África para a formação do Brasil e aprenda a valorizar e celebrar suas raízes étnicas. Seria uma vitória se espaço escolar e museal se tornassem lugares efetivos de tolerância e que os casos de racismo deixassem de ocupar as listas dos vários problemas os quais enfrenta a educação brasileira”, declara o historiador do Memorial Minas Gerais Vale e responsável pelo projeto, Henrique Bedetti.

A itinerância do projeto será realizada durante oito semanas em cada uma das cidades selecionadas do interior de Minas Gerais: Itabira (116.745 habitantes), Rio Piracicaba (14.590 habitantes), Barão de Cocais (30.893 habitantes) e São Gonçalo do Rio Abaixo (10.488 habitantes), e, posteriormente, esses profissionais se transformarão em multiplicadores do trabalho em suas comunidades. Desta forma, a iniciativa também garante o caráter descentralizador do Prêmio Ibero-Americano de Educação e Museus.

A capacitação será realizada a partir das metodologias de ensino de história e arte-educação, e amparada, também, por práticas pedagógicas que estimulem a experiência lúdica e a criatividade. Para o alcance de melhores resultados, serão produzidas cartilhas de apoio pedagógico contendo as pesquisas realizadas para a produção do Memorial Itinerante: Africanidades, sugestões de atividades, práticas pedagógicas, indicações de vídeos, músicas e pôsteres de pequeno formato com imagens diversas que orientam e convidam as pessoas à reflexão sobre os temas propostos e que possam também enaltecer a trajetória dos povos africanos e afrodescendentes de ontem e hoje.

Segundo Henrique Bedetti, o próximo passo será estruturar o projeto para estendê-lo a mais localidades. “Ao levarmos os casos de sucesso às secretarias municipais de outras cidades, esperamos sensibilizá-las a firmar parcerias com o Memorial e a receber o projeto Memorial Itinerante: Africanidades”.

O historiador conta, ainda, que a premiação, em primeiro lugar da Categoria 2 dá um novo fôlego para a instituição seguir em frente com seus projetos. “É a certeza que estamos no caminho certo e que nossos esforços frente ao trabalho com questões étnico raciais, à valorização da cultura e da história do povo africano e afro-brasileiro, bem como o combate ao racismo têm sido reconhecidos”, revela.

Além desses dois projetos, outros seis foram contemplados pelo VI Prêmio Ibero-Americano de Educação e Museus – mais dois na Categoria 1 e mais três na Categoria 2, totalizando oito iniciativas que servem de exemplo para futuras ações na área.

Parabéns aos projetos vencedores!

 Resultado final:

 Categoria 1:

  • 1º lugar: “Jovem Explorador” / Organização Pingo d’Água (Brasil).
  • 2º lugar: “O Museu Móvel nas Sete Cidades – Um Projeto em Andamento” / Museu Carlos Machado (Portugal).
  • 3º lugar: “FAZERMUSEU” / Museu Brasileiro da Escultura – MuBE (Brasil).

 Categoria 2:

  • 1º lugar: “Memorial Itinerante – Africanidades” / Associação Memorial Minas Gerais Vale (Brasil).
  • 2º lugar: “Olhares do patrimônio: a valorização e preservação do patrimônio cultural através da fotografia” / Museu de Artes e Ofícios (Brasil).
  • 3º lugar: “Bonecos das Maltezas; Títeres de Ciência” / Centro Ciência Viva de Estremoz (Portugal).
  • 4º lugar: “Travesuras en la Patagonia” / Asociación Civil Identidad Pro Museo Regional (Argentina)
  • 5º lugar: “El paisaje sonoro como herramienta para la educación Patrimonial” / Museo de Arte Moderno de Medellín (Colômbia).

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